respirando leve
Quando você não é uma pessoa que guarda rancor, parece simples entender o porquê de uma reconciliação, por exemplo, torna-se leve olhar para as pessoas que tiveram ou têm problemas com você ─ embora existam pessoas com energia tão negativa que só de olhar a gente já quer ir sair de perto ─, mas quando o sentimento vem de dentro de você, e simplesmente ali só tem paz, não tem raiva, ódio ou ressentimento (talvez existam algumas dúvidas quanto a pessoa, mas isso é normal) o susto pode até acontecer ao cruzarem seu caminho. Mas é só susto. Não é pavor. Não é medo. Não é constrangimento. É meramente o inesperado.
Nesse caminho de tentar me tornar uma pessoa boa (de verdade), eu aprendi muitas coisas. Coisas que culminaram em mais amor próprio, aceitação de mim e do outro, empatia, compreensão, paz de espírito, sem contar mais autoconhecimento. Eu falo muito disso por aqui, eu sei, mas confia em mim: é importante. Assim como é importante saber que precisa higienizar todas as hortaliças antes de consumir para evitar contágio com doenças básicas, é preciso trabalhar o autoconhecimento. Você é sua morada, você precisa saber onde fica cada chavinha, cada detalhe. E calma, você tem uma vida inteira para isso. Tudo no seu tempo.
Nessa saga, eu senti alívio várias vezes. E vou contar para vocês, hoje, meu alívio favorito: o do sofrimento da perda de um amor. Ou de alguém simplesmente muito presente que sai da sua vida. Não, não estou falando de “nossa, que bom que esses atrasos de vida se mandaram”. Não. Estou falando de não sofrer tanto com isso, não por não se importar, mas por entender coisas relevantes sobre si mesmo e sobre a vida. Ficar triste, ficar calada e mais reservada, ainda são comportamentos comuns quando fico magoada. Simplesmente ok. A questão é que já não existe aquela martelação de coisas negativas, o martírio, o rancor, a remoedura da situação várias e várias vezes (vou mentir se disser que não repasso certos momentos na minha mente ou sofro em dadas situações, quando me lembro de algo dito que me feriu, ou situações de arrependimento), isso passou. Os dias seguem mais tranquilamente sem um peso grande nas costas. Talvez porque a vida adulta seja tão cheia de tarefas que está difícil me preocupar com tudo ao mesmo tempo, ou porque por entender melhor algumas situações eu simplesmente deixo estar. Logo eu, que já sofri tanto com ansiedade, impulsividade e imediatismo. Evoluções da alma a gente só agradece.
Isso é alívio.
Alívio é poder ser quem você é sem sentir medo, por gostar verdadeiramente de quem é (trabalho constante para todos nós), alívio é tirar um sentimento muito ruim entalado no peito ao conversar com alguém (envolvido na situação ou não), alívio é poder seguir seus dias, independentemente de conflitos nas relações pessoas (não importa quantos forem, às vezes são vários, e a gente se cansa), e não guardar sentimentos ruins dentro do peito em relação às pessoas.
Às vezes elas merecem segundas (terceiras, o ordinal que você quiser aqui) chances. Às vezes não. O tempo vai te dizer isso. Elas mesmas vão te mostrar. E é só deixar que o curso das coisas corra, e o tempo faça seu trabalho (clichè) que isso se comprova. De resto, por favor, se permita sentir esse tipo de alívio. Está sendo uma das melhores sensações da minha vida, algo que eu nunca imaginei que experimentaria, porque nem sabia que era possível! Mas é, e olha, não troco essa paz de espírito por nenhuma fortuna material.
Extremamente grata por esse aprendizado da vida.